quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Music Box #1 - Angel Dust

Bom dia pessoal! Music Box será uma coluna na qual farei resenha de discos que ando ouvindo e recomendo, desmembrando faixa-a-faixa de cada obra prima.



Conhecido como o álbum decisivo do Faith No More, Angel Dust marca a introdução do vocalista Mike Patton como principal compositor da banda, no álbum anterior, Real Thing, esse apenas participou na composição das letras e vocais. Não é preciso nem dizer no que deu isso, Mike Patton é hoje conhecido e já era na época em que entrou no Faith No More, por causa da sua experiência com a sua banda anterior, Mr. Bungle, como um sujeito criativo, mas antes de tudo, excêntrico. Angel Dust consegue conciliar diversos estilos e ritmos em um mesmo álbum sem em nenhum momento soar forçado, as músicas podem não possuir relação entre sí, mas é sentida uma coesão que é trazida principalmente pela cozinha da banda (Mike Bordin e Gould conseguem segurar a peteca e criar ritmos que variam do country (na música RV) até o rock industrial (em Malpratice). Porém, o destaque certamente vai para Mike Patton que aqui conseguem mostrar toda a sua potência vocal (ou não seriam "suas potências vocais) a cada faixa. Na época do seu lançamento, 1992, o álbum não teve sua devida atenção e foi por muitos considerado como anti-comercial, pois ia totalmente ao contrário do álbum anterior (The Real Thing) ao criar composições mais pesadas e densas.



Faixa 1 - Land of Sunshine
Nota - 3/5

Eis aqui uma faixa de abertura de verdade, com um ótimo trabalho de teclados, é possível sentir um tom de ironia por Mike Patton, com suas risadas doentias nos interlúdios da música. Mike Bordin também mostra muita técnica nesta música, acompanhado do baixo groovy com um ótimo Slap de Gould, está é uma das melhores cozinhas do albúm. Os teclados de Bottum marcam presença forte nesta faixa, sendo impossível pensar em um versão desta sem eles.


Faixa 2 - Caffeine
Nota - 4/5

Aqui as coisas começam a esquentar, Caffeine começa com um riff bem metálico e uma bateria rachando. Patton entre com vocais rasgados que depois ficam melódicos para no refrão voltarem a ser rasgados. A letra, assim como a maioria das letras do FNM, não parecem fazer muito sentido inicialmente, contudo um olhar mais atento mostra uma revolta de Patton contra seu único vício: cafeína, embora seu sentido possa ser considerado mais amplo que este. A música atinge seu climax na parte que Patton começa a gritar demoniacamente "I'm warning you" com um riff metálico e uma bateria bem hardcore.


Faixa 3 - Midlife Crisis
Nota - 5/5

Uma dos sucessos comerciais do disco, com letras metafóricas sobre a crise de meia-idade que abate muitas pessoas, ela começa crescendo aos poucos, com a introdução da bateria de Bordin. O estilo vocal de Patton durante os versos parece até meio rappeado, fazendo rimas e mais falando do que cantando. Os teclado de Bottum ajudam a criar um clima denso na música, enquanto a guitarra de Martin no refrão ajuda a tornar está uma das músicas mais viciantes do álbum.


Faixa 4 - RV
Nota - 4/5

Podemos dizer que as tão comentadas bizarrices do Angel Dust começam com "RV". A começar pelo nome, que até hoje é difícil encontrar uma explicação coerente para esta sigla. Bom vamos a música em sí, "RV" é uma música country bem lenta com as guitarras de Gould com seus slides e o teclado de Bottum simulando um piano puxando a música, dando um certo tom texano para a música. Mas a parte mais bizarra fica por conta do vocal: Patton interpreta um redneck (tipo de caipira norte americano que costuma morar em trailers) contando sobre a sua vida, com um voz rouca durante os versos e uma voz grave durante o refrão, ele chega a nos convencer com sua interpretação.




Faixa 5 - Smaller and Smaller
Nota - 2/5

Esta é a parte que eu considero o ponto fraco de Angel Dust, a música tem uma certa melodia árabe, mas de certa maneira se torna enjoativa depois da terceira audição. Não é que haja incopetência por parte de algum dos músicos aqui, embora os teclados de Bottum e sua melodia árabe pudessem ser descartados, mas a música parece em certos momentos forçada. O refrão "Bite" é realmente irritante já na segunda vez que se ouve, com Patton gritando e rinchando como um porco.


Faixa 6 - Everything's Ruined
Nota - 5/5

Outro sucesso comercial do disco, com um clipe parodiando as bandas dos anos 80 que usavam Chroma Key em excesso em seus clipes com fundos bizarros. A música começa com um tom alegre, guitarra com phaser e baixo com slap chega a parecer anos 80 para depois descambar para uma sonoridade mais introspectiva e séria, com os teclados de Bottum acertando novamente. Sua letra aparentemente fala sobre um ladrão que tornou notório, mas acabou se dando mal no final. Uma ótima música, sem nada para se tirar ou acrescentar.


Faixa 7 - Malpratice
Nota - 5/5

Quem estava acostumado com o FNM de "Epic" com certeza não deve começar o Angel Dust por "Malpratice". Não se assustem, não se trata de uma música ruim, mas uma das mais pesadas que a banda já compôs, com guitarras extremamente Heavy Metal descambando para o Trash Metal, teclados e samplers frenéticos e claustrofóbicos e bateria metralhadora. Com certeza uma das músicas mais densas do disco , com um interlúdio no mínimo estranho, com vocais sussurrados e sintetizadores que parecem ter saído do Backyardgans. A letra sugestiva deixa margens para várias interpretações que vão desde aborto até assédio sexual. "Malpratice" certamente não será sua música preferida na primeira audição, mas aos poucos ela irá lhe conquistar com sua intensidade.


Faixa 8 - Kindergarten
Nota - 3/5

Confesso que "Kindergarten" não é uma das minha músicas favoritas do álbum, porém ela obviamente tem seus méritos. Após uma porrada como a faixa anterior, é de prezar que algo mais calmo venha na sequência para amansar. "Kindergarten" cumpre esse papel de forma competente, com guitarras com harmônicos artificiais e um baixo bem trabalhado, ela não perde o ritmo do álbum. Destaque para o vocal de Patton nessa música.


Faixa 9 - Be Agressive
Nota - 5/5

Outra das faixas bizarras do álbum, porém com uma genialidade que chegou a ser copiada por Marilyn Manson em "Mobscene". Começando com um orgão fantasmagórico com um clima bem igreja, descambando para um funk bem humorado com teclado e baixo em destaque. O refrão da música é uma atração a parte: Cheerleaders cantando o título da música como se fosse um coro de torcida, antecedida pelo grito sugestivo de Patton "I swallow". Estranho? É pouco, mas interessante mesmo assim.


Faixa 10 - A Small Victory
Nota - 3/5

Não é uma música ruim, mas a impressão que passa é que ela foi feita para ser apenas um dos hits do álbum, pois contrasta bastante pela sua leveza e sua sonoridade que lembra músicas japonesas (???) em alguns momentos. Bom, o caso é que Small Victory não fede nem cheira, aqui todos cumprem seus respectivos papéis sem nenhum destaque que valha a pena destacar.


Faixa 11 - Crack Hitler
Nota: 4/5

Partimos então para a última bizarrice do álbum: "Crack Hitler". O que acontece quando você junta uma trilha sonora pra lá de 007 com uma letra que fala sobre um traficante negro que começa a usar a sua droga e se compara a Hitler? Essa música, fora esses elementos estranhos, é simplesmente ótima, consegue nos envolver como se fosse uma trilha sonora de um filme de ação/espionagem, com destaque para os teclados e baixo.


Faixa 12 - Jizzlobber
Nota: 5/5

Finalmente chegamos, na minha opinião, ao grande épico do disco. "Jizzlobber" é sensacional desde seu início com o som de pântano com grilos, seguido pelo teclado de Bottum que parece saído de um filme de terror a la Psicose e as guitarras de Jim Martin que entram cortando como uma serra elétrica. Aliás, essa foi a única música que Jim Martin teve uma participação efetiva, sendo as demais composições com as guitarras gravadas pelo baixista Gould, não é de se estranhar que Jim sai da banda após esse álbum. A interpretação de Patton nessa música é o grande destaque, gritando, urrando e fazendo sons inentendíveis por um ser humano, ele consegue passar os sentimentos de uma pessoa culpada (pelo o que exatamente não me pergunte, a letra deixa em aberto). O final em fade out com o som de orgão de igreja dão um toque assustador a música que já é sombria por si só.


Faixa 13 - Midnight Cowboy
Nota - 3/5

A última faixa parece um tranquilizante após o petardo anterior, fechando um disco com uma música instrumental extremamente calma. "Midnight Cowboy" é uma daquelas músicas que poderiam perfeitamente estar em uma trilha sonora de um filme western qualquer do Clint Eastwood.




3 comentários:

robert disse...

Ótimo trabalho!! Faith no More é demais!

Unknown disse...

Existem coisas que concorco e discordo, mas cada um com sua opiniao.
So quero corrigir que Midnight Cowboy é trilha sonora do filme de mesmo nome, essa musica nao foi composta pelo fnm, é um cover.
Procure, vc vai gostar.

Unknown disse...
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Marcos Torres Portfolio